Cursar química sempre foi minha primeira opção desde o ensino médio. Achava fascinante a descoberta de vacinas, ou a criação de um novo remédio, ou a criação de novos plásticos a partir de produtos naturais, entre outras coisas. Isso tudo sendo possível por causa de uma ou mais substâncias. Sem contar que sempre fui deslumbrada com o mundo das investigações. Ficava o dia inteiro vendo CSI e vendo eles descobrirem os crimes através de substâncias químicas. Daí em diante, tive a certeza que queria cursar química e me tornar uma perita da polícia civil.
Meu amor pela química, costumo dizer que foi um amor a primeira vista. Começou desde que tive o meu primeiro contato com a matéria de química na escola. Cursei química no IFRJ, lá a duração do curso é de 4 anos em horário integral (manhã e tarde). Muitas pessoas tem preconceito por ser um instituto e não uma universidade. Porém, eu escolhi estar lá, quando digo eu escolhi é porque eu havia passado para a UFRJ e não quis cursar na mesma. O IF era mais perto da minha casa, então enfrentaria menos trânsito e teria mais tempo para estudar e por referência de que no IF eu encontraria professores dedicados ao trabalho e atenciosos, coisas que muitas vezes não temos em uma universidade, devido a sua dimensão não dá para dar muita atenção a todos os alunos da mesma forma. Eu simplesmente amei estar no IF. A duração do curso muda de instituição para instituição, há outras instituições que o curso tem duração de cinco anos e diferentes turnos.
A grade curricular do meu curso foi um pouco diferente da grade curricular "padrão". Quando entrei no IF o curso estava deixando de ser tecnólogo e passando a ser bacharel. Esse tecnólogo era de química com ênfase em produtos naturais. Consequentemente, meu curso passou a ser bacharel em química com ênfase em produtos naturais. Sendo assim, além de abranger diversas disciplinas como química geral, inorgânica, orgânica, cálculo, microbiologia, química analítica, química instrumental, entre outra matérias, também tive matérias relacionadas aos produtos naturais, como botânica, fitoquímica, química de produtos naturais, biologia celular, entre outras.
No primeiro momento fiquei assustada, pois seriam mais matérias para me dedicar e seriam coisas que eu talvez não usaria no futuro. Mas depois de um tempo eu amei, pois abri mais um campo de estudo e emprego no futuro. Além disso, temos matérias optativas que ajudam o aluno ter contato com outras áreas dentro da química e que talvez ficassem desconhecidas se não fosse essas matérias. Eu sempre gostei da área de resíduos. Algumas das minha matérias optativas foram voltadas para essa área.
Há também o estágio curricular obrigatório. Esse tipo de estágio poderia ser feito em empresas, indústrias ou até mesmo em uma outra instituição na área da pesquisa. Vou confessar que como sempre tive medo de me formar e não arrumar um emprego, então resolvi tentar uma vaga em uma indústria. Já seria uma experiência de grande peso no currículo. Mas, vi muitos amigos fazerem na área da pesquisa e que também se deram super bem na hora de serem contratos em indústrias.
Tem também o tão temido TCC Vou confessar que não é nada fácil, ainda mais para quem faz pesquisa. As pesquisas nem sempre dão certo, nem sempre conseguem ser reproduzidas e nem sempre ocorrem da forma que deveriam acontecer. Isso tudo porque uma pesquisa bem feita demanda tempo e condições laboratoriais que nem sempre se tem. Mas a gente supera e fica quase a graduação inteira fazendo a pesquisa até dar certo. Mas para que tudo dê certo e a conclusão do TCC seja bem sucedida é necessário ter um orientador que esteja disposto a ajudar e ser seu parceiro em tudo. Pois, é um trabalho que demanda conhecimento dos dois lados.
Depois de cumprir sua grade curricular, apresentar seu TCC e pegar seu CRQ é só correr para o mercado de trabalho. Vou confessar que esse último é a parte que está sendo mais difícil para qualquer estudante e de qualquer área. As indústrias quando vão contratar colocando diversos requisitos para a vaga. Requisitos esses que muitos de nós não temos, como experiência na área ou 2 idiomas. Por isso, muitos estudantes optam por continuar na área acadêmica e fazer um mestrado, como é o meu caso. Hoje sou mestranda da UFRJ na área de polímeros ou tentar um concurso público. Sendo que os concursos para químicos não abrem todo ano e normalmente tem uma vaga. Mas isso não importa, se você tem foco e objetivo a vaga será sua. Ao longo do curso é bom sempre ir fazendo cursinho de idioma, caso não tenha, e buscando o aprimoramento na área para conseguir um emprego.
É por meio de pesquisadores da area da quimica e da farmácia, que novos medicamentos a partir de novas substancia sao criados. Novos produtos cosméticos, novos sabores artificiais de alimentos, sendo assim area de atuação de um químico é extremamente ampla.
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Não, a química não é apenas misturar duas substâncias e ver o que vai acontecer, ou aprender a fazer uma bomba ou saber a fórmula da coca cola. A química é entender como acontecem as reações, qual o mecanismo da reação e saber qual substância você pode usar para obter o seu resultado. Não é apenas misturar, para misturar é necessário saber as características de um dos seus componentes e como eles se comportam no meio reacional. É sempre bom lembrar que estudos são embasados em conhecimentos técnicos-científicos.
Dayanne do Santos Silva
Mestranda da UFRJ